Felizmente a música parou.
Não sabe se foi proposital ou se a batida brusca que o carro de trás acabara de dar em seu parachoque tinha alguma coisa com isso, só sabia que só escutava zumbidos e estática e que estava perdendo o controle do carro.
Fechou as mãos com força no volante, deixando a arma cair no banco do passageiro, e tentou retomar o controle do carro que derrapava cegamente pela rua. Brecou e manobrou de modo a dar um cavalo de pau e continuar seguindo de ré pela rua, pegando sua pistola rapidamente e, agora conseguindo mirar, despachou o motorista e os ocupantes do carro que o perseguia, logo voltando a dar um cavalo de pau e seguindo pela rua.
Precisava achar um lugar pra se esconder. E rápido.
Ouviu um chiado peculiar começar a segui-lo mais rápido que os outros dois carros que estavam em sua cola. E o chiado aumentou, assim como a nuvem negra que parecia lhe perseguir. Tentou mais uma curva fechada e, batendo novamente a traseira, a nuvem o alcançou, cegando-o e fazendo o diabo ao seu redor.
Era um bando de morcegos negros, voando ao redor e dentro do carro, mordiscando-o e fazendo uma baderna imensa. Tentou se desvencilhar sem sair da pista, mas estava começando a falhar.
Quando o rádio ligou novamente.
No momento que a voz dela começou a cantar, os morcegos se agruparam na forma de um homem no banco de trás. Um homem nada feliz com suas queimaduras e escoriações. Aparentemente a música o atordoou um pouco e Travis não perdeu tempo, descarregando as últimas balas de sua arma nele e logo voltando a atenção para a rua.
Um pouco tarde, é verdade.
Havia dirigido as cegas por tempo de mais, chegando ao final da rua, próximo a um canteiro de obras. Não teve tempo de manobrar para a esquerda ou sequer frear. E a música fez o favor de acabar justamente quando um carro o atingiu com força na lateral direita, jogando-o contra um desnível da construção e o fazendo capotar repetidas vezes para dentro da obra.
Não sabe dirigir -q